domingo, 23 de novembro de 2014

Oitava Perna: Noronha -> Fortaleza


Após quase uma semana de descanso em Noronha, depois da atribulada REFENO deste ano (ver post anterior), no Sábado dia 04 de Outubro às 7 e meia da noite saímos de Fernando de Noronha rumo a Fortaleza.

Nem sempre a vida no mar é um "mar de rosas", principalmente no que diz respeito à burocracia da Capitania dos Portos para emitir um despacho (documento de entrada e/ou saída de um porto, obrigatório para embarcações que entram ou saem do país por qualquer porto brasileiro).
Pera aí… e o que temos que ver com isso, se não estamos nem entrando nem saindo do país e somos um barco brasileiro, com tripulação brasileira? Ocorre que Noronha, por ser uma ilha oceânica, não se insere na mesma categoria dos outros portos. Quem chega ou sai de Noronha necessariamente estará navegando em mar aberto, precisando para tal cumprir com uma série de exigências feitas pela Marinha em prol da segurança da tripulação. A habilitação exigida é de Capitão Amador e entre os equipamentos obrigatórios estão a balsa salva-vidas e o EPIRB, um emissor de sinais via satélite que pode ser disparado (ou dispara automaticamente em caso de contato com a água) e envia a localização exata do barco para as autoridades responsáveis pelo resgate, em caso de emergência. Como estamos com tudo em dia, não tivemos dificuldade de obter o despacho. Fui atendido pelo Sgt Eugênio que prontamente me concedeu o despacho de saída da ilha.

A tripulação dessa vez estava composta por mim, pela Ani e pelo Ruy. Saímos de Noronha ao anoitecer do dia 04, calculando chegar no Atol das Rocas no dia seguinte pela manhã, pois ainda tínhamos esperanças de poder fazer uma "parada técnica" e, quem sabe, poder desembarcar e conhecer aquele magnífico santuário. Infelizmente não foi possível desembarcar, mas ao menos conseguimos permissão para fundear e passar algumas horas por lá, quando aproveitamos para fazer um churrasco, descansar um pouco e também consertar o desalinizador que não estava produzindo água desde à noite anterior.

O vento estava muito forte e a ancoragem na barreta de NW estava muito desconfortável. A âncora ficou presa em uma pedra e tive que mergulhar para soltá-la. Estávamos com uns 8-9 metros de profundidade, o que tornou a operação bem difícil. Voltei para a superfície no limite de meus pulmões, felizmente com a missão cumprida pois se precisasse descer de novo acho que não teria mais fôlego para isso.

Rumamos então para Fortaleza, nosso último porto brasileiro antes de iniciar nossa jornada em águas internacionais. A viagem foi ótima, apesar de o mar estar bem agitado na maior parte do tempo. Apenas nas últimas 24 horas tivemos um descanso pois o mar acalmou e tivemos uma navegação em popa rasa fantástica, apenas com a vela grande em cima e ventos de 22-25 nós, empurrando o Blue Wind a invejáveis 10 nós de velocidade. A Ani não mareou em nenhum momento, mesmo tendo optado por não tomar remédio para enjôo, o que tornou nossa navegação ainda mais prazerosa.

Às 21:40hs do dia 06 de Outubro chegamos à Fortaleza. A maré estava baixa o que dificultou a entrada na marina do hotel Marina Park. Decidimos então ancorar do lado de for a da marina e dormir, ficando a tarefa de atracar o barco para o dia seguinte. Imaginem como foi nossa noite após 52 horas no mar… Literalmente apagamos! No dia seguinte atracamos o barco, fomos muito bem recebidos pelo Armando, gerente da marina, que faz de tudo para que os velejadores que por lá passam se sintam em casa. Dois dias depois fechamos o Blue Wind e voltamos todos para casa, para resolver as últimas pendências em terra antes de iniciar nossa próxima perna, dessa vez bem mais longa, rumo ao Caribe.

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